FORMAÇÃO CONTINUADA

JOÃO FILHO
SEMINARISTA

Toda a caminhada exige que certo fundamento seja adquirido e realizado, e não seria diferente com a formação presbiteral, que não menos que outros empenhos solicitam aos candidatos ao sacerdócio uma disponibilidade para a criação dessas bases. Bem como a disponibilidade daqueles, que se colocam a caminho no chamado do Senhor, está também a formação, que precisa ser pautada no “Coração do Evangelho” (como usa o termo o Papa Francisco na encíclica Evangelii Gaudium) e bem estruturada para garantir que todo o processo de formação dos seminaristas, e ao mesmo tempo candidatos ao sacerdócio, seja bem estruturado e pertinente àquilo que solicita a Santa Mãe Igreja.
A meta é imprimir unidade ao processo de formação inicial dos futuros presbíteros, levando em conta a diversidade cultural e a qualificação de seu processo de formação permanente para que o sacerdócio seja exercido e vivido por autênticos prebíteros-discípulos, presbíteros-missionários e presbíteros-servidores da vida, cheios de misericórdia [...] (Documentos da CNBB, nº 93, §7)
A maneira como é iniciada a vida do seminarista dentro da “instituição seminário” promove a formação como um “processo de construção do sujeito”, ou seja, é nessa primeira etapa, que procede de vários acompanhamentos que já foram feitos durante os encontros vocacionais, que faz com que ele tenha sua formação básica que o seguirá por toda sua vida, não só como seminarista, mas também como padre (Cf. 209, Doc. 93). É pedido aos candidatos ao sacerdócio que tenham “disposição e abertura, aprendizado, crescimento e discernimento, passo a passo, sobre sua vocação como projeto existencial.” O seminarista, formado nessa dimensão “livre e feliz aprende a trabalhar a si mesmo, resgatando sua história” o que é importante para que ele assuma uma disciplina “auto-formativa” que o habilitará a “praticar os valores e princípios desejados”, o que trás à tona aquilo que deve ser contribuído dos formandos no caminho vocacional em que eles percorrem (Cf. §210, Doc. 93)
O objetivo geral de toda a formação é levar os candidatos “a serem santos, discípulos missionários”. (Cf. §84, Doc. 93)
 [...] no seminário, o futuro presbítero aprenderá os princípios da formação permanente, como adquirir o hábito da oração, da meditação da Palavra de Deus, da leitura, do estudo, da atualização, como amadurecimento contínuo e resposta ágil às novas situações pastorais, num permanente processo de conversão, no seguimento de Jesus Cristo. (Documentos da CNBB, nº 93, §88)
Dentre os vários aspectos, os quais a formação se preocupa, está a maturação humano-afetiva, já que ela compõe uma exigência do próprio ministério sacerdotal em decorrência da caridade pastoral, que é ou deve ser “o fundamento da vida e a meta maior de formação inicial e permanente”(Cf. §249, Doc. 93). O ambiente no qual ocorre essa formação inicial é onde o seminarista exerce sua pastoral, além da própria casa de formação, quando o candidato é chamado a “ser discípulo-missionário-servidor” (Cf. §365.4, Doc. 93).
A equipe responsável por acompanhar e formar os candidatos ao sacerdócio deve acompanhá-los em seus progressos, “em clima de abertura e confiança mútua”; vários profissionais podem compor essa equipe, desde que possuam “comprovada idoneidade, competência e orientação cristã” (Cf. §262, Doc. 93).
A importância da formação permanente deve ser despertada no seminário como um caminho discipular, através da leitura e meditação da Palavra de Deus, da celebração da Eucaristia, da contínua atualização dos estudos, da educação à leitura, à informação sistemática, à atuação e reflexão pastoral, ao uso dos meios de comunicação adequados, da educação para as artes, música sacra e bens culturais e à sadia distribuição do próprio tempo de trabalho e lazer. (Documentos da CNBB, nº 93, §355)
Todos os dados elencados e que fazem parte das Diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja no Brasil são de caráter necessários à formação que se inicia no período chamado de Propedêutico, que é o primeiro contato do candidato ao sacerdócio no seminário. Esse primeiro ano constitui um tempo de grande importância elementar para a formação que se mantém durante os estudos da Filosofia, Teologia e a continuidade da formação que deve acontecer mesmo quando padre. Percebe-se principalmente a nossa ligação com a realidade da diocese, através vínculos com nossas paróquias, cujo apoio e acompanhamento dos párocos tem sido de suma importância também para essa formação.
Enfim, o propedêutico é responsável por estruturar toda a primeira ideia que se tem de seminário e de uma vida de comunidade, é o período de transição que marca o início de uma nova vida de entrega e de ainda maior conformidade ao espírito do Evangelho, guiada pelo amor e misericórdia de Jesus.
Finalizarei esse pequeno texto com algumas das palavras do Papa Francisco em sua encíclica Evangelii Gaudium no parágrafo 264: “A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais”.
É muito bom ser seminarista!


Referências
 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja no Brasil: Documento 93. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2011.

FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica: Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho). São Paulo: Paulinas, 2013.

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